quarta-feira, 14 de julho de 2010

Os erros mais comuns dos Daytraders

17/05/2008 - 20h15


Por que você acha que a cada dia que passa, contam-se mais histórias de pessoas que desistem de operar em renda variável? Porque nem todos que começam essa batalha (ou melhor, a grande maioria), buscam informações e aprendizado. E a psicologia, nesse mercado, tem um fator preponderante.


Antes de prosseguir, vou resumir uma história de um grande colega, que optou por buscar a leitura incansável de artigos e estudos sobre os mais diferentes tipos de ativos. Um belo dia me ligou e fez algumas perguntas, dentre elas, se era possível uma remuneração superior ao CDB. Consultou-me sobre plataformas operacionais, corretoras, enfim, como poderia dar início no mundo da Renda Variável.


Dois meses operando, e o capital incrementou próximo a 15%. Passados 6 meses, estava com rentabilidade superior a 35%. Pois bem... “Bolsa é um negócio fácil... agora, com 6 meses de Mercado (e enchia os pulmões para expressar essa frase) minha meta conservadora é dobrar o capital em um ano...”.


Pensou que já dominava perfeitamente "a arte" de operar e optou por começar a alavancar suas operações. Fez apenas 3 ou 4 negócios e obteve um ganho considerável. O final da historia não vale a pena relatar.


Numa única semana as vésperas do vencimento de opções, perdeu simplesmente quase todo o seu capital. Isto é conhecido como a "Síndrome do Clark Kent” e é sem duvida, um dos erros mais comuns dos "daytraders", que será abordado nas próximas linhas. Procurem ter sempre em mente esta história. As coisas não são tão simples como parecem ser.


1 - Quantidade


Sempre que se começa a operar, deve-se fazê-lo "devagar" no que diz respeito ao volume envolvido em cada negócio. Nos primeiros meses é recomendável começar por comprar e vender lotes pequenos, e buscar equiparar a sua remuneração ao CDI.


Muitos dos novos traders já querem iniciar operando grandes volumes, mas, definitivamente, devem começar sempre com cautela, visto que, leva-se algum tempo para aprender a ser tão eficiente como aqueles que já possuem mais experiência. Aquele que assumir ser possível peitar o mercado com somas vultuosas certamente vai se dar mal.

2 - "Over trading"


Diretamente relacionado com o volume está o "over trading". Muitas vezes, não se gasta o tempo necessário e suficiente para observar e analisar o comportamento de um determinado ativo, e após uma operação mal feita, passa a saltitar entre outros ativos.

É preciso ter calma e levar em conta que as comissões das corretoras incidem exatamente sobre as quantidades de operações, quer sejam mais ou menos volumosas.


Busque sempre uma análise fria do ativo. Calcule seu potencial prejuízo (stop) e mensure o ganho mínimo. Respeite sua estratégia. Não entre em uma operação sem antes avaliar o custo x beneficio da operação.

3- Concentração


Ainda relacionado com os dois aspectos anteriores está a falta de concentração, que é normalmente provocada por querer estar em muitas operações ao mesmo tempo. Muitos dos mais bem sucedidos "Daytraders" tendem a operar no máximo dois ou três ativos. Isto propicia a namorá-los por um tempo maior. Conhecer seu humor, seus chiliques, seus carinhos, o calor de seus lábios, sua força, sua ira, seus momentos de estresse, enfim, suas principais virtudes e reveses.


Essa aproximação, (como um relacionamento a dois) pode ensinar as características "idiossincráticas" de cada um deles: qual o seu comportamento, qual a sua reação a determinados acontecimentos, como reagem a noticias, quais tipos de fatos realmente causam oscilação mais forte, quais os indicadores técnicos que tem tendência a respeitar, etc...


Os que estão começando, sentem-se compelidos a comprar muitos ativos de uma vez. Talvez com intuito psicológico de minimizar o risco, pulverizando os recursos (a história dos ovos nas cestas). Apesar de existir uma diversificação e uma diminuição do risco, este "modus operandis" pode acarretar em distrações que revelem futuras tristes experiências.


Poucos são os traders mais experientes que conseguem tirar conclusões acerca da “personalidade" de um ativo, ao observar seu comportamento por apenas alguns minutos.


Portanto, se esta começando, procure buscar entendimento de no máximo 5 ativos e opere somente dois deles. Foco é primordial.


4 - Autocontrole


Se ainda não ouviu, vai certamente sentir o reflexo da expressão "cut the losses and ride the profits", mas para a maioria dos iniciantes é muito mais fácil dizer do que executar. É muito fácil justificar estar num ativo com prejuízo, acreditando que ele vai reverter. Obvio, que se o papel é de uma boa empresa, certamente vai retomar a seu valor de mercado. O problema é quando. Quantos não se desfizeram de suas posições tardiamente (aqueles que não stoparam no momento certo) nessa última realizada que o Ibovespa fez antes do Investiment Grade?


É aqui que o "trabalho de casa" e a experiência pura e simples entram em jogo. Quando assumir uma posição esperando uma determinada direção e acontecer o oposto, não hesite: pule fora. Se retomar a sua estratégia, você adentra novamente. Bolsa tem todo o dia (exceto Sábado, Domingo e feriados).


5 – A Síndrome do Super-Homem


Os erros anteriores derivam quase todos da crença que se deve ganhar a partir do primeiro momento após a compra do ativo. Apesar do otimismo ser grande, isso não vai garantir o retorno imediatamente. É preciso entrar com uma boa dose de realismo na equação. Consultem diversos operadores e quase todos dirão que tiveram que esperar entre um e dois anos para realmente aprenderem o ofício.


Apesar de estar passando por um eventual desempenho superior a de seus colegas, não ignore o que eles têm para dizer. Grande parte dos operadores do "Day trading" perdeu tudo o que tinha no primeiro ano porque não ouvia os conselhos dos mais velhos. Depois de levar muita paulada do Senhor Mercado, pararam para pensar e começaram a levar em consideração os conselhos dos mais experientes.


Não pense que por ter um bom desempenho hoje, vai conseguir a mesma performance amanhã. Não é um simples bom dia de trabalho que o fará um vencedor.

6- Excesso de informações


Os novos "traders" querem sempre ter uma razão para estar no mercado e por isso consideram qualquer informação por mais insignificante que seja para entrar e sair de uma operação.


Bllomberg, Internet, 3 monitores a frente, Radio CBN e ao fundo, o "viva-voz" do dolar.

Na minha opinião, com o advento da análise técnica, a utilização de muitos indicadores em sua leitura poderá confundir, visto que serão emitidos sinais contrários, ficando-se sempre relativamente na dúvida sobre qual ferramenta está certa (ou qual não está errada).


É, portanto, primordial estar concentrado e descobrir qual dos indicadores é mais adequado para cada ativo. Claro que isto requer trabalho, mas não se preocupe, pois, você se concentrando em poucos ativos, vai poder focar melhor seus esforços.


7 - Paciência


Se for feita uma pesquisa com operadores intradiários perguntando como definiriam um bom "Day trader", a grande maioria dirá: os melhores são aqueles que fazem mais lucro.


Este é, sem dúvida, o fator-chave. Mas se fizer a mesma pergunta aos profissionais, eles certamente vão lhe responder que o mais importante não é ganhar muito agora, mas sim, estar apto a fazê-lo no futuro. Por outras palavras: viva para lutar amanha. Administre seu capital, controle as suas perdas e verá que mais cedo ou mais tarde o mercado te recompensará.


Então, o que realmente interessa?

Os mais inexperientes podem pensar que é o método que conta, que existe uma "receita", e na mais pura certeza o tornara vencedor, mas isso sabemos que não é verdade. Muitas vezes os melhores métodos são aplicados sem sucesso enquanto que os piores conseguem ser lucrativos.


Definitivamente o método não é a única resposta. O que mais conta é apenas ter cabeça-fria, disciplina e ter sempre em mente que você apenas estará administrando seu capital de uma nova forma. Siga o plano que você traçou antes de entrar na operação e o sucesso acabará por bater à sua porta, independentemente do método utilizado.

Por Marco Aurélio Rossi - Bancotário

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